Minha cara morte,
Escrevo aqui meu relatório e como passo em minha nova residência, andança e poesia.
Chove sangue dos negros céus do novo século nas terras pútridas dos homens. Terras poluídas pelo orgulho de exércitos covardes, com duvidosas promessas de paz.
A falsa paz, marcada pelos gritos de crianças amamentadas com o veneno da fome, amamentadas pela munição dos seus incumbidos de proteção.
Sou indiferente disso tudo, mas sinto cada vez mais o gosto inquietante do desespero dos homens esclarecidos, que ao esbanjar tantas riquezas e formosuras brilhantes, se desintegram na lama de uma vida vazia. Uma vida justificada por idéias, sombras e por uma ciência inútil.
Dizem viver a vida e caminhar em direção do progresso, cada vez mais sem limites e escrúpulos. Virtuosidade já não se vê mais, somente alguns falsos poetas pregando de medidas quando esses mesmo se afogam em vinho e extravasam seus desejos em prostíbulos moribundos.
Também vejo homens sérios, honestos, que andam e cumprem seu devido e ordenado dever para com a sua sociedade. Iludidos são, pois, seus últimos dias serão na miséria que vieram ao mundo... Espero que não se importem.
Estas pessoas já morrem ao nascer, se acostumando com as regalias desse mundo pérfido e utópico. Acreditando serem eternas e ignorando a natureza da morte e assim esquecendo-se da própria vida que estão destinadas a levar. Perdem-se no tempo e preferem correr em vez de admirar a beleza de uma rosa numa estrada de terra. Tocando a vida como se não a tivessem e depois choram quando a perdem.
Chove sangue, nessa doce manhã de dezembro. Nada de extraordinário, mas ate romântico. Já me levanto paro o trabalho e me despeço.
Apaixonadamente, um pobre diabo.
“O homem é triste quando ele erra com ele mesmo e se afoga na culpa, mesmo que esta seja uma incógnita”.
Lucas Boina
domingo, 9 de maio de 2010
domingo, 2 de maio de 2010
A pantera do passado
A lembrança é como o vento
Às vezes sopra suave
Beija as velhas cicatrizes
E se vai sem machucar
Nem sempre porém faz brisa
Há dias em que vendavais
Uivam longes indormidos
E lavas de nunca mais
Rubras de amores e infâncias
Estouram contra o presente
Toda a carga de distâncias
Que a pantera do passado
Põe no vento em garra e fera
É assim que nos tempos bons
sequer se lembra o ditado
Tão sentido às tempestades
"... Quanto dói uma saudade!"
Arcélio Curado
(Homenagem a meu falêcido tio Arcélio Curado grande poeta que me inspirou a escrever)
Às vezes sopra suave
Beija as velhas cicatrizes
E se vai sem machucar
Nem sempre porém faz brisa
Há dias em que vendavais
Uivam longes indormidos
E lavas de nunca mais
Rubras de amores e infâncias
Estouram contra o presente
Toda a carga de distâncias
Que a pantera do passado
Põe no vento em garra e fera
É assim que nos tempos bons
sequer se lembra o ditado
Tão sentido às tempestades
"... Quanto dói uma saudade!"
Arcélio Curado
(Homenagem a meu falêcido tio Arcélio Curado grande poeta que me inspirou a escrever)
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