(...)
Meu quarto, O
quarto, minha caverna, meu refúgio da chuva, da tempestade, das pessoas, minha
fortaleza, minha prisão, minha liberdade, meu momento, meu nome próprio. E meu
quarto se chama Karen, meu eu chama-se ”um segundo sozinha” e o segundo é um ano,
um ano um século e um século uma hora.
O
quarto, seus olhos se abrem pra ver a chuva e sentir a brisa no seu eu interior
dizendo que os mesmos são as janelas da alma. Rezo eu que minha carne é a
própria feita de éter e as janelas são elas mesmas como as retinas do meu
quarto. O vento lá fora é frio as nuvens são negras e brancas e o sol espera
atrás delas com intenções de retaliação, de cortá-las e iluminar o mundo.
Iluminar um mundo que não pertence a mim, que não me deseja por eu não o
desejar até segunda ordem. Mundo egoísta... É como um homem apaixonado.
Ele disse que
me amava e eu disse que poderia esquecer a idéia. Ele o fez e me ódio desde
então. Disse sobre eu ser mesquinha, ignorante e infantil, e em seguida,
recusava meus comprimentos e fingia que não me conhecia. Não somos mais amigos
e negócios à parte, tudo é uma questão de ter que suportá-lo e falar mal pelas
suas costas abrindo minhas persianas e sussurrando. “Você que é um bastardo sem
coração, colega”. Claro que isso não passa de analogias e comparações bobas e
erradas. Como as sobre meu quarto, sobre as janelas e sobre eu mesma.
O barulho do
vento me agrada e o cheiro da chuva na terra também. Tons cinza, branco e a
leve claridade de uma tarde de chuviscos são muito bem vindos e a harmonia do
vazio é um doce com uma fina cobertura de caramelo recheado com um saboroso
chocolate esparramado sobre um morango fresco. E não me entenda mal, não sou
nenhuma anti-social ou depressiva, só aprecio minha poética de solidão, em
outras palavras...
_ É bom ficar sozinha às vezes.
(Pensei)
(Pensei)
(...)
Lucas Curado
Nenhum comentário:
Postar um comentário